O Conjunto Ceará precisa resgatar sua
história de lutas comunitárias. Os inúmeros problemas que afetam atualmente o
bairro nos faz pensar sobre a situação de abandono da comunidade pelo poder público
e, em recente passado, como nós lutávamos coletivamente pelas conquistas
sociais, sem depender das amarras da politicagem dos governos e “cabos
eleitorais” nas vésperas de eleições.
Nesse sentido, o Movimento Dias de Luta e o
S.O.S Conjunto Ceará buscam narrar a história dessas lutas comunitárias, ao
mesmo tempo em que se percebem como parte desse processo histórico, herdeiros de
uma ampla tradição de conquistas sociais do bairro. Nas décadas de 1980 e 1990,
muitos de seus integrantes já atuavam nas principais manifestações populares,
estando presentes nas primeiras lutas por saneamento básico, transporte, educação,
cultura, lazer, saúde e segurança.
Na cultura, essas pessoas ajudaram a
construir o Feirarte, o Espaço Cultural Shangri-lá, a Central de Cultura e
Organização Popular (CCOP). E construíram o movimento cultural junto com as
primeiras bandas de rock como a A Flor da
Fúria e inúmeros artistas fabulosos como Acauã, Rozamato, João Marinho, Tom
Canhoto e tantos outros.
Na educação, nos anos 1990, organizaram os
grêmios estudantis e protagonizaram a histórica greve de fome dos estudantes na
Escola José Maria Campos de Oliveira (UV8-2º Grau), ajudando a conquistar
eleições diretas para diretor e a reforma de todas as escolas públicas do bairro.
Faz parte da nossa história comunitária as
grandes assembleias populares que ajudaram a transformar as festas juninas do
Conjunto Ceará na maior manifestação do gênero no estado. Esse movimento
popular ajudou a evitar que postes de alta tensão fossem colocados nas avenidas
do bairro e prejudicassem a saúde dos moradores, numa gigantesca mobilização de
todos contra o chamado “Linhão da Morte”, quando a comunidade fez o governo
recuar e retirar os perigosos postes das nossas avenidas.
Ao longo do tempo, esses movimentos vem
travando batalhas a favor da comunidade, desde a defesa do Hospital Nossa
Senhora da Conceição e do Posto Maciel de Brito até a articulação política e a
luta direta que impediu a privatização e a venda do Centro Cultural Patativa do
Assaré no leilão da COHAB e, principalmente, reivindicando há anos a reforma e a
requalificação do polo de lazer.
Foram também essas poucas vozes barulhentas
que se levantaram contra a mudança do nome das avenidas do bairro e contra a
transferência da feira de carros usados da Parangaba para dentro de uma área
verde no Conjunto Ceará.
Essas são apenas algumas das muitas lutas
em defesa da comunidade que essas pessoas participaram nos últimos 30 anos.
Portanto, diferente de muita coisa que vemos por aí, são referências
comprometidas com os anseios comunitários e não com interesses oportunistas e
eleitoreiros. Essas pessoas lutaram no passado, lutam hoje e certamente
seguirão lutando no futuro.
Na
atualidade, esses são alguns desafios urgentes para a comunidade:
- Cobrar do governo e da prefeitura a reforma do polo de lazer do Conjunto Ceará
- Lutar pela reestruturação do Hospital Nossa Senhora da Conceição e Centro de Saúde Maciel de Brito;
- Lutar pela retirada da feira de carros usados da Parangaba de dentro da área verde e desobstruir a frente do Centro de Saúde Maciel de Brito.
- Resgatar o Conselho Comunitário para as lutas da comunidade;
- Restabelecer a eleição proporcional e a gestão colegiada da entidade;
- Romper o contrato com o Super do Povo e liberar a sede do Conselho para as reuniões da comunidade;
A estas pessoas dedicamos os versos de
Bertold Brecht:
“Há homens (e mulheres) que lutam um dia e
são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos
anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são
imprescindíveis”.
Organização
Luta e Poder ao Povo (LP2)
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