Dizem que
quem escreve quer ser lido. Acho que é mesmo verdade. Pois quero, até quando
escrevo só para mim. Cabelos de várias cores, bocas em tantos batons, coxas de
espessuras diversas, seios, em minhas mãos. Nas tintas reorganizo o que os
sentidos visitaram. E vez por outra recupero algum significado perdido por
estas noites tão velozes. Escrevo com a atenção dividida entre o que sinto; o
que senti, e o que gostaria de ter sentido, mas, não. É... escrevo para ser
lido. Eu lido com o que escrevo como se fosse algum tipo de confissão. Pois há,
nas minhas memórias, alguma coisa de exagerado, exuberante, desregrada
transgressão. Ou, talvez não. Podem também ser só palavras, escritos, ficção.
Eu nunca soube mesmo separar claramente, em mim, o que é real e o que é imaginário;
o que é vivido aqui ou em alguma outra dimensão. Escrevo para ser lido, só por
mim. Ou não. Pensava alto, enquanto do alto, olhava a cidade onde rascunhara os
dias que agora confrontava tão seguro de si, da sua história, e de onde era
capaz de ir. Seu pacto com o cosmos parecia reacender-se a esta altura da vida.
Terminou, sem pressa, uma garrafa de vinho verde. E direcionou os seus
pensamentos para o objetivo que veio alcançar ali.
DJ de S.
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