Emaranhado. Ruíam paredes por
todos os lados. A poeira subia bem alto e penetrava nos pulmões asfixiando a
esperança. Fazer o quê? De pé e mirando o futuro, não conseguiu mais segurar uma
lágrima que chegou - como uma bomba salobra – atingindo o chão. E sabia que apenas
algumas das muitas ondas que se moviam velozes e ferozes na sua direção haviam
chegado. Tremeu. Mas continuou de pé. A vida lhe açoitava impiedosamente
naquele instante. Sofria. Mas não deixava de carregar certa gratidão por todas
as conquistas, pelo bem-estar dos seus, e por quem havia se tornado. Tantos
erros, pensou. Tantas opções equivocadas. Mas não há – disse a si mesmo - o insucesso
absoluto, a perda total, o negativo pelo negativo. Eu sei quem e o que eu sou!
Disse olhando para a mais brilhante estrela que a sua vista alcançou. E
realmente, saber disto, era uma boa novidade nestes tempos tão singulares. Suas
pernas amoleceram. Por pouco não se curvou na dor. Fechou os olhos, voltou o
pensamento para dentro de si mesmo e tentou não desesperar. Entendia bem a
relação entre causa e consequência. Não fugia da grande parcela de
responsabilidade que sabia carregar como pesado fardo. A vida, não é um parque
de diversões. Em algum momento, talvez tivesse esquecido este princípio.
Brincar no front, jamais. Agora, estava novamente desperto. E sabia que mais
uma vez teria que reaprender a surfar tsunamis. E o acaso, seu aliado de
plantão, não parecia contente com a sua displicência. Mas, era amigo e irmão,
podia perdoar o deslize. Filho do cosmos, precisava, imprescindivelmente, se
realinhar.
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